A Intel está construindo o supercomputador mais potente do mundo
Um supercomputador capaz de realizar um quintilhão de operações por segundo deve entrar em operação em 2021. Ao menos é isso o que esperam seus desenvolvedores que fizeram o anúncio do projeto, fruto de um acordo firmado entre o governo dos Estados Unidos, a Intel e a Cray.
O objeto do contrato é a construção de um computador com tecnologia exascale, chamado Aurora, que deve ser capaz de processar programas de Inteligência Artificial em escalas sem precedentes.
Segundo matéria publicada pela agência Reuters, o Aurora está sendo desenvolvido para ser o mais rápido computador dos EUA e deverá ser empregado na pesquisa militares e civis.
A atual capacidade de processamento de dados
Atualmente, os computadores superpotentes têm as suas performances medidas em petaflops – um petaflop são um quatrilhão de operações por segundo. No entanto, Estados Unidos, China e Japão disputam uma acirrada corrida para ver quem será o primeiro a romper a barreira do petaflop e atingir o novo grande marco do processamento de dados, o exaflop.
Na atualidade, o supercomputador mais rápido do mundo chama-se Summit, e está em operação desde junho passado. Sua velocidade máxima é de cerca 143.5 petaflops.
Espera-se que, em poucos anos, o Aurora proporcione um incremento de 7 vezes nesta capacidade de processamento.
Detalhes do projeto ainda são segredo
Apesar de a notícia ter causado certo alvoroço na área, ela, no entanto, já era esperada. Boatos sobre a existência do projeto Aurora já circulavam há algum tempo na imprensa.
A nova máquina, cujo custo estimado é de 500 milhões de dólares, será instalada no Laboratório Nacional Argonne, próximo a Chicago, e ficará sob os cuidados e gestão do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Ainda não se sabem muitos detalhes sobre o projeto. O que se sabe até o momento, de acordo com uma nota à imprensa divulgada pela Intel, é que o Aurora será equipado com as futuras gerações de processadores Xeon e chips de memória Optane, bem como com a sua ainda não lançada Unidade de Processamento Gráfico Xe (GPU Xe) .
A fabricante, no entanto, mantém guardados a sete chaves os detalhes relativos ao design e à configuração destas peças, ainda não lançadas.
A Cray, por sua vez, utilizará os chips Intel em seu supersistema computacional Shasta, que incluirá o cabeamento Slingshot – os ultrarrápidos cabos óticos desenvolvidos para transportar os dados pelo sistema.
Segunda chance para o Aurora
O atual Aurora é, na verdade, uma atualização de um projeto homônimo e que não saiu do papel. A primeira versão do supercomputador da Intel, que deveria ter sido lançada no ano passado, possuía capacidade de processamento bastante inferior à recentemente anunciada. Utilizando sua agora já defasada família de processadores Knight’s Hill, a velocidade da máquina não ultrapassaria os 180 pentaflops.
Na linha dos atuais supercomputadores Summit e Sierra atualmente em operação, parece que a Intel também fará suas apostas numa abordagem de processamento híbrida CPU-GPU.
No entanto, ao invés de adotar tecnologias desenvolvidas por outras empresas, como Nvidia ou AMD, parece que a Intel está determinada a construir suas próprias Unidades de Processamento Gráfico (GPUs).
Supercomputadores: o futuro da Inteligência Artificial
Em uma coletiva de imprensa realizada antes do anúncio oficial, o Diretor do Laboratório Argonne, Rick Stevens, que coordena o projeto, disse que o Aurora está sendo desenvolvido especificamente para permitir o processamento massivo de modelos profundos de aprendizagem.
Possibilitar um aumento desta magnitude na performance dos computadores será, no entanto, um esforço colossal em pesquisa e desenvolvimento. Especialistas concordam que a os pontos chaves do projeto já estão razoavelmente delineados, mas que ainda há uma série de desafios, como por exemplo desenvolver softwares capazes de rodar nestas máquinas.
Stevens, entretanto, mostra-se confiante de que os avanços necessários tanto em hardware quanto em software ocorrerão a tempo. “A pesquisa e desenvolvimento da tecnologia Exascale está aí há mais de 10 anos, e a curva de inovação em que as plataformas exascale se baseia está movendo-se rapidamente”.
EUA, Japão ou China: quem chega primeiro?
Ainda é muito difícil dizer, no atual momento, qual será o primeiro país a quebrar a barreira Exascale.
Um especialista em supercomputação intimamente envolvido nos esforços da China de obtenção da tecnologia exascale, disse ao MIT Research, no ano passado, que talvez os chineses precisem recuar um pouco em relação ao objetivo inicial, que era de lançar um supercomputador até o final de 2020. Tal recuo seria fruto de uma indecisão sobre os chips a serem utilizados. Há dúvidas se a melhor estratégia é a adoção das peças desenvolvidas na China ou, de outra forma, de chips licenciados de companhias ocidentais.
O Japão, por sua vez, também planeja lançar o seu supercomputador, o Post-K, igualmente previsto para o ano de 2021. Já se sabe que ele contará com CPUs ARM, cujo foco majoritário é na rápida movimentação de dados e não puramente nos FLOPs (Floating-point Operations Per Second – operações de ponto flutuante por segundo, em português). Seus desenvolvedores acreditam que este foco fará com que os programas rodem de maneira mais rápida do que seus competidores.
Com tantas novidades e o crescimento exponencial das tecnologias de processamento de dados, nada nos resta a não ser aguardarmos os próximos passos destes aguerridos competidores. Em breve saberemos a classificação desta empolgante corrida na busca pelo primeiro exaflop!
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