Empresas utilizam jogos de treinamento para colaboradores

Empresas utilizam jogos de treinamento para colaboradores

Os jogos acompanham a humanidade desde sua origem. Inaugurando um tempo e espaço próprios, os jogos encerram em si um sentido.

Os elementos constituintes dos jogos fazem a todo momento alusão ao real, mas de forma alguma confundem-se com ele. Jogos possuem uma dinâmica própria. O que acontece no jogo, em princípio, não cria reflexos para além do próprio jogo.

Sendo assim, os jogos, historicamente, estão atrelados ao mundo da não produção, da diversão e ludicidade capaz de subverter o império do cotidiano.

O aparte entre jogo e realidade, no entanto, de forma alguma faz com que estes dois mundos deixem de se comunicar. A todo momento elementos do mundo lúdico imiscuem-se a elementos do real, criando-se intersecções e influenciando-se mutuamente.

Exemplo disso são os jogos de treinamento. Cada vez mais utilizados pelas empresas, eles ajudam na melhoria de processos e no desempenho cotidiano de seus colaboradores.

Ludicidade e seriedade, não produção e produção ao invés de debaterem, aqui se encontram e reforçam-se simultaneamente.

Mas afinal, o que são jogos de treinamento?

Há diversos tipos de jogos de treinamento, voltados para áreas e funções específicas. Jogos de treinamento, como seu nome já bem nos elucida, almejam o treinamento, a formação de pessoal em alguma tarefa a ser desempenhada na empresa.

Eles podem assumir uma infinidade de formatos e classificações. Podem ser físicos ou eletrônicos, coletivos ou individuais, competitivos ou cooperativos e assim por diante.

Jogos de treinamento, dentro do ambiente corporativo, permitem simular e emular cenários. Eles possibilitam aos gestores testarem as dinâmicas internas de suas equipes, criando situações-problema e testando possíveis resoluções.

Permitem, por exemplo, testar a tomada de decisão de seus colaboradores dentre de um cenário fictício de crise, observando como eles atuam de acordo com os padrões esperados pela empresa.

Educação corporativa, trabalho em equipe e redução de riscos operacionais  

Justamente pelo fato de as ações realizadas dentro dos jogos de treinamento não causarem alterações diretas na realidade, eles tornam-se lócus privilegiados do experimentalismo. Ou seja, o risco e o ônus do erro ficam conscritos ao ambiente do jogo, não impactam diretamente na empresa.

Eles também podem cumprir um importante papel educativo, tornando-se uma alternativa às tradicionais formas de aprendizado. Por meio dos jogos é possível que certas habilidades sejam desenvolvidas de forma progressiva, fase após fase dentro do jogo.

Deixa-se de lado o tradicional conceito de que a única forma de se aprender é por meio de um curso, palestra, livro etc e abre-se a oportunidade para um novo modelo.

Obviamente sempre há que se avaliar a oportunidade e conveniência da adoção de um ou de outro modelo. Não existem verdades absolutas ou receitas prontas quando o assunto é a administração de uma empresa.

Cada empresa precisa conhecer a sua dinâmica interna e seus objetivos. Precisa analisar o tipo de função que determinado funcionário irá desempenhar, a sua complexidade, e tantas outras variáveis.

Somente depois desta análise é que se chega a um formato mais coerente e eficiente de treinamento.

Outra grande vantagem dos jogos de treinamento é que eles ajudam a identificar falhas de procedimento, padrões e conduta dos colaboradores. Tudo isso de forma menos densa do que os tradicionais testes, questionários e relatórios gerenciais. Por meio dos jogos é possível observar traços de personalidade e entender como cada indivíduo responde a um estímulo ou atua em equipe.

Ambiente de trabalho mais descontraído e produtivo

Os jogos de treinamento dentro do ambiente corporativo também podem oferecer resultados para além de sua concepção funcional. A locução adjetiva “de treinamento” na sequência do substantivo “jogo”, não necessariamente afasta o caráter lúdico da atividade. Muito pelo contrário.

Este é justamente um dos grandes trunfos de sua adoção dentro das empresas.

Jogos ajudam a criar uma distensão, uma espécie de relaxamento no ambiente laboral. Eles permitem torna-lo menos hierárquico e mais fluido, possibilitando o surgimento de novas potencialidades no decorrer das atividades.

Permitem muitas vezes que pessoas de áreas e setores distintos dentro da empresa interajam e troquem experiências, aumentando a sinergia e colaboração interna.

Esse estilo de governança e gestão corporativa mais leve e menos burocrática vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente nas startups e empresas de tecnologia. Talvez o exemplo mais conhecido mundialmente venha do Google, que é conhecido por seu ambiente de trabalho despojado.

A ludicidade no ambiente de trabalho, portanto, quando devidamente empregada pode melhorar níveis de desempenho e de satisfação de seus colaboradores.

Novas tecnologias voltadas ao treinamento e aperfeiçoamento das equipes

O surgimento de tecnologias inovadoras e acessíveis, a exemplo da realidade virtual e da realidade aumentada, também vêm impactando nos treinamentos corporativos.

O uso de ferramentas como óculos de realidade virtual, por exemplo, tem permitido a criação de cenários mais imersivos e próximos da realidade. Consequentemente, resultam em treinamentos mais eficientes e aumentam a eficácia e efetividade das operações.

Um dos exemplos mais conhecidos de treinamento virtual talvez venha das companhias aéreas e de fabricantes de aeronaves. Por meio de simuladores altamente realistas, é possível testar o desempenho aerodinâmico das aeronaves, bem como a reação de pilotos e tripulações em situações extremas.

Os simuladores de voo quando empregados no treinamento de pilotos talvez se distanciem um pouco da caracterização do jogo em si, da brincadeira. Servem, no entanto, para evidenciar as imensas possibilidades de treinamento advindas das tecnologias.

Algumas experiências

Uma pegada bem mais lúdica vem da rede americana de fast-food KFC. Por meio de um jogo virtual em 3D chamado “The Hard Way”, desenvolvido para o Oculus Rift, da Facebook, funcionários iniciantes passam por uma espécie de rito de passagem.

O jogo de treinamento simula um quarto escuro, uma espécie de prisão, da qual os novos trabalhadores devem escapar. Para sair, no entanto, eles devem aprender a fritar o frango, carro chefe da empresa, da maneira correta. E detalhe: aos berros do Coronel Sanders, figura símbolo da marca.

Ficou curioso para conhecer o jogo? Aqui você encontra um vídeo mostrando como ele funciona. Se você gostou e também quer testar suas habilidades nas fritadeiras da KFC, o jogo também está disponível para download.

Aposta

Os jogos de treinamento, portanto, são excelentes ferramentas que auxiliam empresas a melhorarem seus resultados e aumentarem o desempenho de seu pessoal.

Seja pelo elemento lúdico, seja pela redução de custos, seja pela possibilidade de simular cenários sem que a tomada de decisões equivocadas cause danos à companhia, os jogos de treinamento ganham cada vez mais espaço.

E quando o quesito são os jogos eletrônicos de treinamento, a tendência é que a capilaridade seja ainda maior. Além de oportunidades para empresas, os jogos eletrônicos de treinamento também oferecem novas possibilidades para desenvolvedores e programadores.

É verdade que os jogos eletrônicos de treinamento ainda dão seus primeiros passos. É verdade que ainda é cedo fincar com precisão a magnitude e velocidade com que estas ferramentas passarão a ser adotadas pelas empresas.

No entanto, ninguém duvida de suas imensas potencialidades, ainda pouco ou nada exploradas pelo mercado em geral. Ou será que ainda há alguém que duvide que este mercado, em breve, não atingirá cifras magníficas e galgará cada vez mais espaço? Façam suas apostas!

Danillo Muniz Danillo MunizPublicitário, formado pela universidade FIAM FAAM, fundador e diretor da AE Digital. Com o pensamento inovador e adepto às mudanças de consumo na internet, fui coautor de campanhas e páginas que possuem milhões de seguidores nas redes sociais.
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