O que vai mudar com a unificação do WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger
O anúncio de que o Whatsapp, Instagram e Facebook Messenger irão se unificar causou furor não apenas na mídia especializada, mas também entre os bilhões de usuários que utilizam diariamente essas plataformas.
Os planos de Mark Zuckerberg, cofundador e chefão do Facebook, vieram à tona em matéria do The New York Times, publicada em dia 25 de janeiro deste ano. As informações foram confirmadas posteriormente pelo próprio executivo, por meio de um texto de sua autoria, publicado em 6 de março deste ano.
Segundo a reportagem, um dos objetivos da interligação dos serviços de mensagens pleiteada por Zuckerberg é a ampliação das oportunidades de negócios, principalmente por meio do Facebook Marketplace, uma plataforma de anúncios e compra digital, que passaria a permitir a comunicação entre usuários oriundos das diferentes plataformas.
Unificação dos serviços deve acontecer até 2020
A reportagem, que conversou com pessoas de dentro da companhia e que não se identificaram por motivos de sigilo do projeto, informou que a unificação do Whatsapp, Instagram e Facebook Messenger deve ser concluída provavelmente entre o final de 2019 e início de 2020.
A atividade, que é bastante complexa, deve envolver um grande número de funcionários e uma série de ajustes e alterações profundas nos códigos de programação de forma a compatibiliza-los. De acordo com o jornal americano, todos as três plataformas de mensagem passarão a contar com a tecnologia de criptografia de ponta-a-ponta, que atualmente está presente apenas no Whatsapp.
Privacidade dos usuários é foco de preocupação
O texto publicado por Mark Zuckerberg no último dia 6, além de confirmar a unificação das plataformas, também faz um mea culpa. Segundo o executivo, muitas pessoas não olham para o Facebook como uma plataforma cujo principal atributo seja a privacidade. Para ele, isso é fruto de a companhia ter se focado, historicamente, em comunicações mais abertas e amplas, voltadas para a disseminação e compartilhamento de conteúdo para públicos mais amplos, diferentemente do Whatsapp, por exemplo, que foi pensado e desenvolvido para proporcionar uma comunicação mais próxima, voltada a um círculo pessoal mais restrito.
Assim, segundo Zuckerberg, o objetivo é que essa nova plataforma resultante da fusão, siga o exemplo do Whatsapp, e permita as interações privadas de forma mais segura e eficiente. Para tanto, além da encriptação de dados, ferramentas que permitam a exclusão automática das mensagens postadas após certo tempo (a exemplo do que ocorre atualmente com as stories no Instagram) também deverão ser incluídas no novo produto.
A nova plataforma resultante da fusão deverá, portanto, ter maior foco na segurança, na interoperabilidade e na armazenagem segura de dados. A adoção de tais medidas é vista como uma forma de a empresa buscar dar maior credibilidade a seu projeto, na tentativa de distanciar-se dos recentes escândalos de vazamento de dados de milhões de usuários, em mais de uma oportunidade, como por exemplo no caso da Cambridge Analytica.
Usuários e o Ministério Público do Distrito Federal estão preocupados com a fusão
No entanto, críticos à fusão pipocam aos montes, não apenas entre funcionários da empresa, mas principalmente entre usuários do Whatsapp, que temem que seus dados pessoais passem a ser exigidos e armazenados pelo Facebook, o que em teoria não acontece nos dias de hoje.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios também vê com preocupação a segurança dos dados dos usuários brasileiros e, segundo informações da agência Reuters, abriu procedimento administrativo para apurar se a unificação das plataformas respeita o ordenamento jurídico brasileiro.
Ainda é cedo para apontar quais serão os efeitos concretos desta unificação entre as plataformas, mas é certo que o debate em torno da privacidade e segurança digital deverá ganhar cada vez mais capilaridade, não apenas institucionalmente, mas principalmente entre os usuários destas plataformas, que cada vez mais entendem o impacto nem sempre positivo da livre circulação de suas informações pessoais pela rede.