Os principais desafios para empresas e consumidores na era da Economia Digital

Os principais desafios para empresas e consumidores na era da Economia Digital

O desenvolvimento e a disseminação do acesso à internet nos últimos anos vêm impactando e moldando de maneira significativa a forma como nos relacionamos com o mundo e com os outros seres humanos. Essa verdadeira revolução acaba por remodelar, também, a forma como o dinheiro é gerado e circula ao redor do mundo, criando a chamada “Economia Digital”.

O termo Economia Digital, que ganhou popularidade em 1995 com o best-seller “Economia Digital – Promessa e Perigo na Era da Inteligência em Rede”, de autoria do canadense Don Tapscott, até hoje carece de uma definição exata.

Tapscott traz em seu livro 12 temas ligados à Economia Digital que, segundo ele, a diferenciam da economia “comum”, tradicional. O autor salienta como diferenciais, basicamente, uma mudança significativa na forma como a informação e os fluxos econômicos viajam, de maneira cada vez mais desimpedida, tendo como principal pano de fundo o conhecimento.

Mudanças nas figuras do produtor e do consumidor, que estão cada vez interconectados e interdependentes, bem como uma reformulação do próprio conceito do que se entende por um produto, por uma mercadoria, delimitam esse novo cenário econômico.

Novos conceitos para os novos tempos

Hoje, o principal ativo, o produto “carro-chefe” de uma empresa na era da Economia Digital não mais necessariamente precisa ser algo físico, podendo ser algo totalmente virtual, impalpável materialmente.

Isso gera novas possibilidades para a inserção de diferentes atores na economia, já que a base para a criação de novos produtos, a “matéria prima” necessária passa a ser muito mais intelectual e sutil do que a utilizada na criação de um produto físico, estabelecendo uma cadeia produtiva e de valor com caraterísticas antes impensáveis.

Além do mais, o estabelecimento de uma ampliada rede mundial de produtores e consumidores gera novos mercados, novas possibilidades de atuação na dinâmica global, permitindo que as empresas e consumidores interajam de outra forma, menos restritiva e não condicionada essencialmente à questão da territorialidade, das fronteiras propriamente ditas, como ocorria na economia tradicional.

A digitalização da economia

A digitalização da economia, neste sentido, impõe-se para muito além mais do que uma simples migração ou ampliação de plataformas de vendas, tornado quase que imperativa a necessidade uma verdadeira reengenharia nos processos produtivos nas empresas já existentes e uma nova e radical maneira de se conceber os modelos de negócio do futuro.

Um interessante exemplo capaz de ilustrar uma destas facetas da Economia Digital nos é trazido por Tom Goodwin, em artigo para o site techcrunch.com, quando diz que “a UBER, maior empresa de táxi do mundo, não possui nenhum carro. O Facebook, empresa de comunicação mais popular do mundo, não cria nenhum conteúdo. Alibaba, o site de revendas mais rentável do mundo, não possui estoques. E o Airbnb, maior plataforma mundial de aluguéis, não é dona de nenhuma das acomodações que anuncia.”

Estes exemplos evidenciam as novas oportunidades que se abrem, mas, ao mesmo tempo, também nos mostram os desafios que se impõem neste mercado cada vez mais competitivo, que parte de premissas muitas vezes diferentes da forma como as empresas tradicionais operavam até pouco tempo atrás.

Produtos e processos inovadores

O cenário que se impõe é de uma interdependência cada vez maior entre os agentes envolvidos nos processos de produção e consumo, com uma fluidez e uma instaneidade do tipo que permitem que uma operação bancária internacional seja realizada com apenas um toque na tela de um celular, que possibilitam que uma operação mundialmente complexa tenha início a partir de um simples clicar do mouse ao se efetuar a compra de uma roupa de uma loja virtual chinesa, por exemplo.

Com a mundialização da economia, as barreiras econômicas e tributárias – que até pouco restringiam a ação das empresas de acordo com um planejamento estratégico nacional -, passam a ter cada vez menos valor, e os Estados conseguem cada vez menos controlar o fluxo econômico. Consequentemente, as próprias empresas passam a operar em um terreno parcialmente transfronteiriço, ganhando novos mercados ao mesmo tempo em que também ganham novos concorrentes.

Surge daí, então, a necessidade de que novos e inovadores produtos sejam lançados no mercado, produtos que consigam propiciar ao consumidor uma nova e quase revolucionária experiência de consumo e que, ao mesmo tempo, consigam agregar outros subprodutos e experiências a partir desta compra inicial, criando-se uma verdadeira plataforma que se irradia a partir deste “centro”, deste produto principal.

A lógica da plataforma deve ser a lógica imperante na Economia Digital

Em artigo disponibilizado no blog economiadeservicos.com, Erica Gonzales, ao tratar dos desafios da indústria na era da Economia Digital, diz que:  “A indústria é direcionada a uma fase de desafios, onde é preciso descobrir um produto industrial novo, com maiores serviços inseridos nesse produto e, quanto mais serviços esse produto possuir, mais caro é o valor final do bem ofertado”.

Esse procedimento é que gera valor agregado ao produto. Ela traz como exemplo o iPhone da Apple, que carrega consigo uma série de aplicativos como o iCloud, Apple Music e iTunes capazes de agregar valor ao produto principal, trazendo ao consumidor a constante inovação que ele tanto busca e ao mesmo tempo em que se diferencia dos produtos concorrentes.

Busca-se, portanto, criar uma plataforma de negócios, composta de múltiplos serviços. O negócio principal deixa de ser a produção material em si e passa a ser o gerenciamento dos dados gerados por essas plataformas.

Essa forma de estruturação em rede cresce quanto maior for o número de pessoas a ela ligadas, ou seja, quanto maior o número de usuários dentro de uma plataforma, maior é o valor agregado e maior é a segurança e a competitividade que a empresa possuirá no mercado, independentemente do serviço prestado ou produto desenvolvido.

Desafios das empresas na Economia Digital

Os grandes desafios das empresas na era da Economia Digital são, portanto, perpassados por essa capacidade de construir uma plataforma multisserviços, capaz de englobar o maior número possível de usuários/clientes e, a partir daí, desenvolver estratégias e produtos pensados para fornecer os bens e serviços que os membros dessa rede buscam.

No entanto, construir uma plataforma multisserviços, uma rede própria de usuários/clientes dependendo do ramo que se busca adentrar, é algo bastante complexo e que muitas vezes enfrenta uma concorrência avassaladora que restringe qualquer ação.

Podemos pensar como exemplos os diversos serviços e tecnologias inovadoras desenvolvidos por startups. Assim que estas inovadoras empresas e serviços mostram alguma viabilidade econômica ou eles são prontamente comprados pelas grandes plataformas do mercado ou, pior, as grandes empresas criam um serviço/produto concorrente. Ilustrativo dessa dinâmica fagocitária é a compra do WhatsApp e do Instagram pelo Facebook.

Outros desafios a serem enfrentados pelas empresas na era da Economia Digital

Há ainda, segundo o texto de Érica Gonzales, outros desafios inerentes aos negócios na era da economia digital, como por exemplo a disposição de mão-de-obra qualificada e preparada para atuar nesse novo cenário, a dificuldade cada vez maior de as empresas conseguirem acompanhar o acelerado desenvolvimento tecnológico, a imperatividade em se conseguir evitar e lidar com ataques cibernéticos, além do desafio de se lidar com a burocracia, principalmente a relacionada às regras de importação e exportação.

Levar em consideração estes e outros fatores que a cada dia surgem no horizonte é essencial para o planejamento e o posicionamento estratégicos de qualquer empresa que busque realmente se desenvolver e se tornar competitiva na economia digital.

Longe de fazer um exercício “futurologia”, o crescimento cada vez maior e constante da economia digital é uma certeza, e estar preparado para conceber novos e criativos negócios desenhados para o mundo digital é quase que uma exigência para qualquer um que busque empreender em nossos tempos.

Danillo Muniz Danillo MunizPublicitário, formado pela universidade FIAM FAAM, fundador e diretor da AE Digital. Com o pensamento inovador e adepto às mudanças de consumo na internet, fui coautor de campanhas e páginas que possuem milhões de seguidores nas redes sociais.
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